sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Silenciosa despedida


O embarque de seu vôo já havia sido anunciado por aquela voz fria e robótica. Um sentimento estranho se apossou de ambos: pai e filho. O que em todos aqueles anos ficou se escondendo por trás das nuvens, parecia defrontá-los na velocidade do vento. E o impacto só seria sentido quando o último segundo chegasse.
Era consensual para eles que aqueles foram os minutos mais longos até então vividos. A relatividade do tempo se mostrou um verdadeiro fato empírico. Tal concordância nunca foi expressa por palavras, no entanto a linguagem do olhar demonstrou as aflições vividas; foi suficiente.
Sabiam que palavras não conseguiriam expressar tamanho arrependimento, oriundo de uma relação dotada de sentimentos vãos. Portanto, não mais fizeram que calar-se.
No momento em que era necessário partir, simplesmente conseguiu abraçá-lo. Era de um abraço verdadeiro e profundo. Foi mais expressivo que horas de conversas. Quando lhe deu as costas, sentiu que sua mão estava segurando à dele. Fixa e intensamente, relutava em largá-la. Mas a largou e o deixou.

ILuan dos SantosI