sábado, 22 de novembro de 2008

Um espelho, uma imagem.



Sinto uma dor. Ela me enfraquece. Ela quer me fazer enxergar...

Nunca deu atenção aos contos populares. Lembrou-se de sua querida avó contando-lhe Aquele, naquela chuvosa tarde de outono, onde o vento soprava assombrosas notas musicais – mais parecia uma sinfonia gótica.

Ela se foi. Porém não seus mitos e seus contos. Nem suas profundas lembranças. Agora, mais do que nunca, ela se fazia lembrar. A dor era tamanha.

- [...] é o dente do juízo; o dente da maturidade.
Era sua memória: daquela que em tempos de outrora, sentada na cadeira, já cansada das pernas de tanto se mover para frente e para trás, perdia-se em meio às histórias. Histórias que eram muito bem passadas para seus netos, para seus sobrinhos... para a eternidade; histórias que viriam se mostrar reais, como esta a estava sendo.

A dor daquele dente a fazia refletir sobre sua própria evolução, haja vista o tempo não a deixar pensar em nada, tampouco em si mesma. Tomou de um espelho e não sabia quem estava projetado naquela imagem. Não se reconheceu.

Era uma mulher. Dotada de uma vida adulta; quando se é criança, nunca se pensa nesses tempos; ou melhor, sempre se pensa. Queremos ser adultos, mas adultos juvenis... Não fugiu à regra. Não fujo à regra.

Essa transição é complexa, difícil: é o próprio reflexo da evolução humana.



ILuan dos SantosI